Egito, reinado de Ramsés II (1298-1232 a.C.), a roda com raios anima um sonho humano: mover-se sem pôr os pés no chão nem depender de animais. Hieróglifos remetem a supostos biciclos.
Leonardo da Vinci |
A idéia atual de uma bicicleta é atribuida à Leonardo da Vinci, em 1492 e o primeiro testemunho desta idéia é do frei Ricius (jesuita italiano), no século 16. Regressando da China o frei fala de uma charrete acionada por alavancas.
O primeiro registro da existência de veículo com propulsão humana, apareceu após a renascença. Em 1680 Stephan Farffler, que era paraplégico, construiu para si uma cadeira de rodas de três rodas, movidas por um sistema de propulção por alavanca manual.
Várias outras referências de veículos de propulsão humana são encontradas até 1800, todas construídas na forma de carruagem.
A bicicleta, como conhecemos hoje, foi desenvolvida, como um brinquedo, pelo Conde de Sivrac. O brinquedo foi construído totalmente em madeira e não possuía sistema de direção. A idéia era a de tentar se equilibrar encima do artefato em uma descida.
O alemão Barão Karl von Drais, engenheiro agrônomo e florestal vindo de família de posses, pode ser considerado de fato o inventor da bicicleta.
Em 1817 instalou em um celerífero um sistema de direção que permitia fazer curvas e com isto manter o equilíbrio da bicicleta quando em movimento. Além do mais a "draisiana" tinha com um rudimentar sistema de freio e um ajuste de altura do selim para facilitar o seu uso por pessoas de diversas estaturas.
A invenção foi patenteada em 12 de janeiro de 1818.
Pouco tempo depois o ferro foi introduzido na sua contrução estimulando novos projetos com suspensão no selim e rodas, mas ainda com a propulsão sendo realizada pelo andar do condutor.
Em 20 de abril de 1829 acontece a primeira competição em Munique. A prova envolveu 26 “drausianas” em uma distância de 4,5km. Seu vencedor cumpriu o percurso em 31,5’ minutos (média de 8,6 km/h), um feito para a época.
Em 1839, o escocês Kirkpatrick Macmillan, criou os pedais em balanço ligador a um virabrequim no eixo da roda traseira por meio de alavancas. A bicicleta funcionava bem, mas mesmo assim não se tornou popular
Pierre Michaux e filho, desenvolveram um sistema de propulsão que fosse ligado diretamente a roda dianteira. O objetivo era fazer com que a máquina se deslocasse mais facilmente. Acabaram criando um quadro de ferro e um sistema de propulsão por alavancas e pedais na roda dianteira, chamando o novo invento de “velocípede”.
Foi após a Revolução industrial que as bicicletas começaram a ganhar importância e público. Em 1868, na Exposição de Paris, a importância ficou clara. Primeiro conquistou os parisienses, logo em seguida a Europa e o mundo, pois eram mais baratas e ocupavam menos espaço do que qualquer outra opção de transporte da época (charretes, carruagens e carroças), além da redução significativa de custo em manter transportes com tração animal.
Com o aumento da utilização das bicicletas, aumentaram também os problemas (acidentes, disputas de espaços públicos, questões legais e sociais, dentre outras) e, por estes motivos, inciaram-se os clubes de ciclistas, organizando competições e adquirindo maior espaço na sociedade.
No final do século XIX, as bicicletas de rodas grandes passam a ser substituídas pelas “bicicletas de segurança”, popularizando o produto, que é o modelo que conhecemos hoje. Com a popularização, melhorou-se o processo produtivo, reduzindo o custo ao consumidor, mas ainda havia um problema - o conforto.
Em 1888, o inglês John Boyd Dunlop patenteou o pneu com câmara de ar e em 1891, Edouard Michelin, Francês, aparece nas competições com seus pneus sem câmara de ar.
O domínio na tecnologia na transmissão por corrente também fez grande diferença porque esta cria um efeito elástico que diminui trancos nos pés e joelhos do ciclista. A bicicleta passaria a ser mais suave de conduzir.
Todas estes melhoramentos tecnológicos derrubaram em parte a visão de dificuldade de condução, insegurança e incomodo que foi formada nos tempos do biciclo e das primeiras bicicletas, o que fez com as novas bicicletas se popularizassem e foram evoluindo cada vez mais.
Vale a pena citar duas grandes revoluções recentes: o Projeto Coasting da Shimano e a nova geometria de quadro criada pela Electra, as "flat foot".
Shimano, a maior fabricante de peças de qualidade do mercado mundial, decidiu no início dos anos 2000 aumentar suas vendas. Para tanto contratou a mesma companhia que criou o iPod para saber o que era de fato o mercado da bicicleta e qual o melhor passo para o futuro. Depois de pesquisas a conclusão foi que só nos Estados Unidos havia 161 milhões de potenciais compradores de bicicletas que se sentiam esquecidos. Desta pesquisa começou a surgir uma geração de bicicletas com câmbio automático, sem cabos aparentes, e de freio contra-pedal. Na Europa o projeto vai um passo adiante e além do câmbio automático gerido por um micro computador, o dínamo instalado no cubo acende os faróis automaticamente ao escurecer, e ainda se fala sobre um sistema de suspensão inteligente.
O outro lado desta revolução que atende um público até agora esquecido é a geometria "flat foot". A idéia é tão simples quanto genial: boa parte dos que tem medo de usar uma bicicleta porque quando estão parados não conseguem apoiar os pés por completo no chão. Na geometria clássica com a altura correta do selim o ciclista apóia só as pontas dos dedos quando parado. A Electra simplesmente deslocou a caixa de movimento central um pouco para frente da linha do tubo de selim, o que faz com que a perna do ciclista fique corretamente esticada ao pedalar e permita que se apóie por completo os pés no chão quando se está parado. Outro detalhe desta nova geometria é que o entre eixos da bicicleta fica um pouco mais longo, portanto o comportamento da bicicleta fica mais estável e lento, o que oferece uma dirigibilidade mais previsível e segura para ciclistas pouco habilidosos. Para completar o pacote, a Electra deu a seus produtos um ar algumas vezes infantil, outras saudosista, e agora um pouco europeu. O sucesso é completo e vem influenciando os grande fabricantes.
O ciclismo chegou ao Brasil no final do século IXX e as provas mais importantes eram disputadas no Velódromo do Clube Atlético Paulistano, inaugurado em 1895, em São Paulo, onde hoje fica a Rua da Consolação. Nas ruas da cidade também eram disputadas grandes provas, entre elas a tradicional 9 de Julho, desde 1933. O primeiro Campeonato Brasileiro foi disputado na cidade de Porto Alegre em 1938.
A Federação Paulista de Ciclismo foi fundada em 1925. A partir de 1930, outros velódromos surgiram, entre eles o Clube Brasil, o Ciclo Clube Ardanuy e o Bom Retiro.
Os ciclistas brasileiros só começaram a ganhar projeção internacional na década de 50. Cláudio Rosa, em 1952, venceu o torneio Ciclístico Internacional, em Assunção, no Paraguai. Em 1954, Rosa voltou a se destacar com a conquista do Campeonato Americano de Resistência. Anésio Argenton foi outro ciclista brasileiro que ganhou fama no Campeonato Americano: faturou as provas de velocidade e de quilômetro contra o relógio.
Nos Jogos Olímpicos o desempenho do Brasil sempre foi discreto, mas a Comissão Técnica Brasileira tem trabalhado constantemente para reverter esta situação e tornar o Brasil um país de referência no ciclismo.
Equipe Tackle